O uso de medicamentos agonistas do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon 1 (GLP-1), como o Ozempic, tem revolucionado o tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2 (DT2). No entanto, o uso de Ozempic e o abandono do tratamento dentro do primeiro ano é muito comum.

Um estudo recente revelou que mais da metade dos pacientes descontinua o uso de GLP-1 nesse período. Além disso, as taxas de abandono são ainda maiores entre aqueles que utilizam o medicamento para emagrecimento, em vez de para o controle do diabetes.

Questões como efeitos colaterais, custo elevado e dificuldades no acesso ao medicamento são alguns dos principais motivos que levam à interrupção do tratamento. Mas por que isso acontece? E quais são os impactos dessa descontinuação?

Neste artigo, vamos explorar as razões por trás do abandono do tratamento com Ozempic, bem como os desafios enfrentados pelos pacientes brasileiros. Além disso, discutiremos a importância de um acompanhamento adequado para garantir o sucesso e a continuidade do tratamento.

O que é o Ozempic e como ele funciona?

O Ozempic (semaglutida) é um dos medicamentos mais conhecidos da classe dos agonistas do receptor de GLP-1, utilizados no tratamento do diabetes tipo 2 e, mais recentemente, para a obesidade. Essa classe de fármacos age no organismo imitando a ação do hormônio GLP-1, que desempenha um papel fundamental no controle do apetite, na regulação da glicose e na digestão dos alimentos.

Os medicamentos dessa categoria ajudam na perda de peso porque:

  • Reduzem o apetite, aumentando a sensação de saciedade.
  • Retardam o esvaziamento gástrico, fazendo com que a pessoa coma menos.
  • Melhoram a resposta do organismo à insulina, auxiliando no controle glicêmico.

Além do Ozempic, outros medicamentos dessa classe disponíveis no Brasil incluem:

  • Wegovy (semaglutida) – específico para o tratamento da obesidade.
  • Saxenda (liraglutida) – utilizado tanto para obesidade quanto para diabetes.
  • Mounjaro (tirzepatida) – uma opção mais recente, que combina a ação do GLP-1 com outro hormônio, o GIP, para potencializar os efeitos.

Por que muitos pacientes abandonam o uso do Ozempic?

A pesquisa analisada identificou que 53,6% dos pacientes descontinuam o uso de GLP-1 no primeiro ano, sendo que essa taxa é ainda maior entre aqueles que não têm diabetes. No Brasil, entretanto, esse índice pode ser ainda mais alto, principalmente devido a fatores como o custo elevado do tratamento e a ausência de cobertura pelos planos de saúde para essa indicação.

Principais motivos para a descontinuação do Ozempic

Efeitos colaterais gastrointestinais – Náuseas, vômitos, diarreia e constipação são as principais queixas, levando muitos pacientes a desistirem do tratamento nos primeiros meses.
Custo elevado – Sem cobertura por planos de saúde, muitos brasileiros enfrentam dificuldades para manter o uso contínuo.
Perda de peso atingida – Algumas pessoas interrompem o uso após atingirem um peso considerado ideal, sem acompanhamento médico sobre a necessidade de manutenção.
Dificuldade de acesso – Problemas de abastecimento nas farmácias também são um fator relevante.

Outro ponto importante levantado no estudo foi a taxa de reinício do tratamento. Entre aqueles que interromperam o uso dos GLP-1, cerca de 47% dos pacientes com diabetes tipo 2 e 36% dos que usavam para emagrecimento retomaram o tratamento dentro de um ano. O principal motivo? Reganho de peso.

O que acontece após a interrupção do Ozempic?

A descontinuação dos GLP-1 pode levar a um retorno gradual do peso perdido, especialmente quando não há uma reeducação alimentar e mudança no estilo de vida. Como esses medicamentos não são uma solução definitiva, mas sim um suporte para o emagrecimento, a interrupção sem um plano estruturado pode resultar em frustração e no chamado efeito sanfona.

Estudos indicam que, sem mudanças sustentáveis na alimentação e na rotina de exercícios, a maior parte dos pacientes que interrompem o uso dos GLP-1 recupera pelo menos 50% do peso perdido em um ano. Isso reforça a necessidade de acompanhamento contínuo e da criação de hábitos saudáveis paralelos ao tratamento.

Os desafios da acessibilidade no Brasil

Enquanto nos Estados Unidos a cobertura de medicamentos para obesidade ainda é um desafio, no Brasil a situação é ainda mais crítica. Atualmente, os medicamentos da classe GLP-1 não são cobertos pelos planos de saúde para o tratamento da obesidade, o que torna o custo um dos maiores obstáculos para a continuidade do uso.

Custo médio no Brasil:

  • Ozempic: Entre R$ 900 e R$ 1.500 por mês.
  • Wegovy: Ainda sem previsão de chegada ao Brasil.
  • Saxenda: Entre R$ 800 e R$ 1.300 por mês.
  • Mounjaro: A partir de R$ 1.800 por mês.

O custo elevado do Ozempic e o abandono de tratamento, portanto, levam muitos pacientes a interromper o uso antes do tempo ideal. Além disso, essa dificuldade de acesso faz com que alguns busquem alternativas menos seguras, como a compra de versões manipuladas sem comprovação de eficácia.

Como manter a perda de peso após interromper o Ozempic?

Se você está considerando parar o uso do Ozempic ou outro GLP-1, é essencial seguir estratégias que minimizem o risco de reganho de peso. Algumas recomendações incluem:

Manter uma alimentação equilibrada – Priorize proteínas, fibras e alimentos naturais para ajudar na saciedade.
Praticar exercícios físicos regularmente – O fortalecimento muscular auxilia no gasto calórico e no controle do peso.
Acompanhar com um profissional de saúde – Um nutricionista ou endocrinologista pode ajudar na transição para a manutenção do peso sem a medicação.
Evitar compensações com alimentos ultraprocessados – Após interromper o tratamento, é comum sentir mais fome, então controle a qualidade das refeições.

Conclusão

O Ozempic e outros medicamentos da classe GLP-1 representam um avanço significativo no tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2, proporcionando uma perda de peso eficaz e melhora da saúde metabólica. No entanto, as altas taxas de descontinuação revelam a importância do acompanhamento médico e de um planejamento adequado para garantir que os benefícios obtidos sejam mantidos a longo prazo.

No Brasil, o custo elevado do Ozempic e o abandono de tratamento, aliados à falta de cobertura pelos planos de saúde, dificultam ainda mais o acesso a essa medicação. Portanto, essa realidade reforça a necessidade de políticas que ampliem a disponibilidade desses medicamentos para os pacientes que realmente necessitam.

Se você faz uso do Ozempic ou está considerando iniciar o tratamento, converse com um profissional de saúde para avaliar os benefícios, riscos e a melhor estratégia para manter um emagrecimento saudável e duradouro.

Cordialmente, Equipe Editorial UE

Referências:

0 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Solicitar exportação de dados

Use este formulário para solicitar uma cópia de seus dados neste site.

Solicitar a remoção de dados

Use este formulário para solicitar a remoção de seus dados neste site.

Solicitar retificação de dados

Use este formulário para solicitar a retificação de seus dados neste site. Aqui você pode corrigir ou atualizar seus dados, por exemplo.

Solicitar cancelamento de inscrição

Use este formulário para solicitar a cancelamento da inscrição do seu e-mail em nossas listas de e-mail.